‘Privatização da Sabesp coloca em risco a saúde da população de São Paulo’, diz especialista

Deputados paulistas aprovaram no último dia 6 o projeto de lei que prevê a privatização da Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo, a Sabesp. Atualmente, a empresa dispõe da concessão do serviço em 375 municípios paulistas, e atende 70% da população urbana do estado.

O projeto, do governador Tarcisio de Freitas, prevê que o Estado deixe de controlar a companhia, reduzindo sua participação para cerca de 15% a 30% das ações.

A privatização do saneamento não é, nem de longe, um consenso no setor. Ao contrário, há um movimento internacional forte em sentido oposto. A onda de desestatizações dos anos 1980 e 1990 vem sendo revertida. Mais de 800 cidades reestatizaram seus sistemas de água e esgoto nos últimos vinte anos. Dentre elas, Berlim, Paris, Buenos Aires, Atlanta e La Paz. As razões? As concessões pioraram os serviços, as tarifas aumentaram e as empresas usavam de diversas artimanhas para driblar a fiscalização e a regulação.

Para José Faggian, presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, os argumentos de privatização da Sabesp são mais ideológicos do que baseados em evidencias ou bibliografias consistentes.

“A decisão de privatizar a Sabesp é ideológica. Só quem vai se dar bem com essa venda, é quem vai comprar ela. O povo de São Paulo será extremamente prejudicado. Não só apenas, do ponto de vista econômico, mas a Sabesp é um depositório de conhecimento sobre saneamento, que foi construído com dinheiro público. Hoje a Sabesp tem os melhores quadros. Nós somos referência mundial e isso que o governador vai entregar para a iniciativa privada é extremamente sensível. Água e saneamento têm uma relação direta com a saúde da população. Então, quando a gente vende a Sabesp, a gente coloca em risco a saúde do povo de São Paulo”, destaca.

Comparada a cidades em que o saneamento não é oferecido por empresas públicas, a Sabesp possui tarifas mais baixas e uma taxa de cobertura melhor, conforme já foi apontado em audiências públicas no Congresso Nacional.

A Central de Notícias da Rádio ONDA é uma iniciativa do Projeto “A PERIFERIA INSURGENTE”. Este projeto foi realizado com o apoio da 7ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.

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