‘O rap me vestiu de cultura e, por meio dele, passei a me entender como homem de periferia’, diz Crônica Mendes
Nascido na cidade de Hortolândia, no interior de São Paulo, o rapper Crônica Mendes reside no Taboão da Serra, na Zona Sul do estado paulista. Mendes é um artista de longa trajetória, iniciou sua carreira nos anos de 2000, ao lado do rapper brasiliense GOG. Após cinco anos de parceria, lançou o grupo A Família.
Em 2013, Crônica Mendes se lançou na carreira solo e hoje já coleciona diversos prêmios como o Cooperifa, o Prêmio Ibotirama, Aviva Hip Hop e o Quinto Elemento. Em um bate-papo descontraído sobre a sua trajetória de sucesso, ele lembrou de como tudo começou.
“Assim como muitos jovens de periferia, eu fui impactado com o boom do rap no Brasil nos anos 90. Ainda experimentando um pouco daquele período em que o rap era mais entretenimento, era mais meloso, mais funk carioca. Gostava do ritmo e do entretimento que era o rap, mas quando ele virou para o lado da militância, quando ele passou a denunciar realidade, sonho, indagação, dei continuidade e virou esse casamento perfeito. Sempre fui um jovem muitotímido, mas também sempre questionei o universo ao meu redor. E muitas das respostas eu conseguia através do rap e da poesia que vem das periferias. Foi assim que o rap me encontrou e me deu todo o suporte na minha formação como ser humano, filho, amigo e também em tudo o que eu sou hoje em dia”.
Crônica Mendes diz ter muita gratidão pelo rap porque, por meio dele, passou a se entender melhor como pessoa, como homem preto de periferia.
“Filho de mãe solteira, um menino tímido, que não conseguia se expressar porque sabia que era diferente da maioria que estava ali, mesmo sendo cercado de crianças, homens e mulheres pretos. Sempre me senti sozinho por conta da minha forma de pensar. O rap me serviu como válvula de escape para me ajudar a me comunicar com pessoas. Já sou do mundo da música antes mesmo de conhecer o rap. Já tenho uma relação com a música brega, com o sertanejo porque desde pequeno ouvia a minha mãe escutar Amado Batista e Odair José enquanto lavava roupa no tanque. Então, sempre do lado da música, mas foi o rap foi que me vestiu de cultura e compromisso”.
Sobe som …..
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