Pesquisa indica que quase metade dos estudantes da rede pública estadual de SP já sofreu algum tipo de violência na escola

Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) e do Instituto Locomotiva revela que 48% dos estudantes da rede já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que estão matriculados.

Os números são ainda mais alarmantes quando professores, alunos e familiares são perguntados se souberam de casos de violência nas escolas que frequentam: 71% dos estudantes, 73% dos familiares e 41% dos docentes responderam que sim.  Neste contexto, estudantes (69%), seus familiares (75%) e professores (68%) enxergam como média ou alta a violência nas escolas estaduais de São Paulo. E todos concordam que o governo estadual deveria dar mais condições de segurança.

Os casos de violência mais citados são diferentes entre os professores e os alunos: para quem ensina, a maioria dos casos diz respeito à agressão verbal, enquanto os estudantes citam o bullying como principal vetor da violência.

Praticamente todos entrevistados (95% dos estudantes e dos familiares e 91% dos professores) concordam que questões de saúde mental como esgotamento, ansiedade e outros problemas se tornaram mais relatados por estudantes e professores.

O debate sobre violência nas escolas voltou à pauta nesta semana devido ao episódio em que um adolescente esfaqueou cinco pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro da Vila Sônia, na Capital, causando a morte da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos.

Keilla Barreto Girotto, diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vladimir Herzog, destaca que a violência praticada dentro das escolas é um reflexo da sociedade.

“O contexto que se coloca dentro da escola é violento e com o incentivo ao uso de armas. A gente começou o ano com a violência contra a sede dos Três Poderes em Brasília e, esse tipo de ação, por exemplo, vem para dentro das escolas também.  Hoje falta esculta nas escolas, mediação de conflito, formação de professores, entendimento da estrutura educacional. Os alunos ficam cinco horas sentados para adquirir conhecimento, muitas vezes em espaço insuficiente para o aprendizado. A gente vai encontrando estratégias de minimizar esses efeitos, mas a violência está posta dentro das escolas e a pergunta que fica é o que a sociedade brasileira se propõe a fazer por melhores condições para os estudantes e professores?”, indagou a educadora.

Para a presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Maria Izabel Azevedo Norinha, a Professora Bebel, é necessário que nas escolas existam também psicólogos capacitados a realizar um trabalho preventivo junto aos jovens. Ela destaca que os professores têm sensibilidade para identificar potenciais agressores e até mesmo para dialogar com eles, porém, os docentes são responsáveis por diversas classes com 35, 40 ou mais estudantes e não lhes cabe atuar nesse campo.

A pesquisa Ouvindo a comunidade escolar: desafios e demandas da Educação Pública do Estado de São Paulo, do Instituto Locomotiva e da APEOESP, ouviu 1.250 estudantes, 1.100 professores e 1.250 familiares de alunos em todo o Estado de São Paulo entre 30 de janeiro e 21 de fevereiro de 2023.

A Central de Notícias da Rádio ZONA SUL é uma iniciativa do Projeto O Movimento Hip Hop e os Narradores Urbanos. Este projeto foi realizado com o apoio da 6ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.

Os conteúdos ditos pelos entrevistados não refletem a opinião da emissora.

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